quinta-feira, agosto 10, 2006

Romance Policial


Era uma noite fria da madrugada de Iréatuba, José Alves da Fonseca havia abandonado o bar do Seu Antônio e estava tentando abrir a porta do seu fusca estacionado numa rua de paralelepípedos iluminado com luzes amarelas dos postes antigos. O jornalista tinha ido beber com os amigos e estava pensando incomodado no seu recente divórcio, pois, fora um relacionamento conturbado com muitas brigas e discussões. Dirigindo perto da segunda esquina depois do bar vê uma mulher e um homem andando distraidamente e rindo da vida como se naquela madrugada tivessem ido às nuvens. Desacelera, para observar tal cena e eis que encara a mulher, muito bonita e vestida como uma prostituta, e ela retribui um olhar sério e desafiador que penetrou intensamente nos seus pensamentos. Existia algo de sarcástico ou demoníaco no seu olhar e antes dele passar pelos dois pedestres ela anda perigosamente em direção à rua e se joga na frente do fusca de Fonseca sendo atropelada. O homem que a acompanhava teve um ataque histérico e saiu correndo desesperado e Fonseca com os olhos esbugalhados tendo transformado toda a sua bebedeira em lucidez sai do carro para tentar ver o que acontecera à pobre coitada. Havia manchas de sangue no capo do fusca e a moça estava deitada no chão praticamente nua esperando ajuda.
__ Você está bem? Disse Fonseca com a voz trêmula.
Ela apenas gemia de dores e não conseguia falar, talvez por ter tido uma noite viciante e alucinada, e então é carregada até o carro e levada ao hospital.
Antes de chegar ao hospital ela pronuncia as primeiras palavras:
__ Por favor, não me leve pra lá. (Com uma voz muito fraca).
__ Como? Você está com a perna sangrando, como vou saber se você não quebrou nada..!?
__ Eu te imploro, eu não posso ir para lá, você não entende, me leve pra casa.
__ Você está se sentindo bem? A sua perna está boa?
__ Se estiver quebrada eu estarei bem até.. Por favor, me leve na minha casa e lá você faz um curativo.
José Alves concorda finalmente com a moça e depois de perguntar seu endereço à leva para casa.
Era no centro, numa região perigosa e escura, ele estaciona e a leva para dentro da casa. Quando a coloca num sofá velho ela já está dormindo tranquilamente e ele desesperado chora. Lágrimas que nunca brotaram...

Música "acidental" ao texto: Tão menina
Artista: Lobão
Álbum: A vida é doce.
http://www.universoparalelo.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...

po, que história triste...e bem agora que eu tava pensando em comprar um fusca ! depois dessa eu vou repensar isso

Anônimo disse...

ah, o comentário anterior é meu, esqueci de colocar meu nome...derrr